Macapá divulga 1º Censo LGBTQIA+ durante cerimônia pelo Dia Internacional de Combate à LGBTfobia
Levantamento inédito traça perfil da população LGBTQIA+ do município e deve orientar políticas públicas voltadas à inclusão
Na manhã deste sábado (17), a Prefeitura de Macapá realizou a cerimônia de hasteamento da bandeira LGBTQIA+ em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em alusão ao Dia Internacional de Combate à LGBTfobia. Durante o ato, foi divulgado o resultado oficial do 1º Censo LGBTQIA+ do município.
Segundo o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Raimundo Azevedo, o levantamento e a cerimônia representam um marco histórico para Macapá.
“Essa foi uma relação de mãos dadas junto a OAB para ter esse momento simbólico que foi o hasteamento da bandeira, e isso representa para a nossa gestão uma momento de respeito, fraternidade e inclusão”, afirmou.
Raimundo Azevedo, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania | Foto: Emanuelle Gomes/PMM
| Foto: Emanuelle Gomes/PMM
Sobre o Censo LGBTQIA+
Elaborado ao longo de 2024, o censo é fruto de um processo de escuta ativa com a comunidade LGBTQIA+ e os movimentos sociais organizados. A iniciativa teve como objetivo principal conhecer o perfil dessa população, identificando suas identidades de gênero, orientações sexuais, condições de vida e demandas sociais.
Após estudos realizados pela equipe responsável, em alinhamento com um especialista em amostragem, foram adotadas frações amostrais diferenciadas de acordo com o tamanho da população do município. Assim, no caso de Macapá, que possui uma população superior a 440 mil habitantes, 3% de seus moradores foram investigados por meio do questionário amostral. Dentre esses, mais de 13 mil pessoas se declararam LGBTQIA+.
Esses indivíduos foram distribuídos da seguinte forma:
• Lésbicas: 21%
• Gays: 29%
• Bissexuais: 12%
• Transexuais: 15%
• Travestis: 5%
• Queer: 2%
• Intersexuais: 3%
• Assexuais: 2%
• Pansexuais: 5%
• Demais orientações ou identidades de gênero: 6%
Além disso, foram abordadas outras questões, como nível de escolaridade, situação de renda da população LGBTQIA+, raça/cor, presença de algum tipo de deficiência, religião, quantitativo de mulheres trans, homens trans e pessoas não binárias, orientação sexual e moradia. Também foram investigados o uso de serviços de saúde, tanto públicos quanto privados, e o acesso a atendimento ambulatorial especializado para pessoas trans.
O questionário incluiu ainda perguntas sobre experiências de maus-tratos em órgãos públicos, exclusão social, violência verbal, física e sexual, bem como casos de discriminação no acesso ao mercado de trabalho, entre outros temas relevantes para a compreensão da realidade vivida por essa população.
Confira o resultado final do Censo LGBTQIA+ de Macapá
Resultado final do 1º Censo da População LGBTQIA+ de Macapá-Oficial 2024Baixar
Para o coordenador de Políticas para a Diversidade, Edem Jardim, o censo também cumpre um papel fundamental de visibilidade. “Foi um questionário através de uma pesquisa a disposição da população LGBTQIA+, e será um mecanismo para políticas públicas para essa população”, destacou.
O levantamento deve nortear ações nas áreas de saúde, educação, segurança, empregabilidade e direitos humanos, com foco em promover inclusão e combater desigualdades estruturais.
Por Merlin Pires